Compreensão e aceitação

Dia Mundial da Saúde Mental

10 de outubro

Há alguns dias, no dia 10 de outubro, enquanto eu preparava um delicioso café para dar início ao meu dia, escutei no programa Today da Rádio 4 da BBC a notícia de que Theresa May (a primeira-ministra britânica) havia designado o que talvez seja o primeiro caso no mundo de um ministro dedicado à prevenção de suicídios. A manobra objetiva lidar com a tragédia de 4.500 pessoas que interrompem a cada ano suas vidas na Inglaterra.

A notícia coincidiu com o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de outubro de cada ano, cujo objetivo geral é aumentar a consciência sobre questões relacionadas à saúde mental no mundo inteiro e mobilizar esforços em prol do tema.

Uau! Que notícia incrível e com quanto tempo de atraso ela chegou! Quantos de nós já foram afetados por questões relacionadas à saúde mental, ou perderam uma pessoa da família ou um amigo que teve dificuldades demais ao lidar com as doenças mentais, letais e silenciosas?

O Dia Mundial da Saúde Mental constitui uma oportunidade para que todos os interessados que lidam com as questões relacionadas à saúde mental conversem sobre o seu trabalho e sobre o que ainda precisa ser feito para tornar realidade a assistência em saúde mental para as pessoas do mundo inteiro. Esperemos que esta designação proporcione uma oportunidade para que todos, inclusive eu mesma, se tornem mais engajados no problema e procurem maneiras de colaborar ativamente para ajudar!

Escutar, expressar e ajudar

Parte do processo envolve escutar as confissões mais desinibidas de pessoas narrando os seus embates emocionais e a nos sentir bem ao expressar as nossas preocupações, tristezas e estranhamento diante de um assunto tão tabu. De alguma forma, o processo proporciona mais compreensão e aceitação para muitas pessoas como eu, que não sofrem de problemas mentais e, possivelmente por causa disso, não conseguiam perceber, no passado, quão fundo doía o tormento mental sentido pelas pessoas amadas que tentaram acabar com seus sofrimentos ao se suicidarem.

O assunto é muito vasto e complexo, com muitas interpretações e considerações importantes, como o comentário publicado no site da Fundação da Saúde Mental do Reino Unido, segundo o qual o suicídio e a autoflagelação não são propriamente problemas de saúde mental, mas estariam vinculados à distúrbios mentais. (Mentalhealth.org.uk).

Talvez haja motivos para classificá-los como um distúrbio mental! Deve ser aterrorizante acreditar que não haja saídas nem ajuda, até que se decida que a única maneira de resolver o problema é pelo suicídio.

Quando esta é a saída, os parentes, parceiros e amigos são normalmente deixados de lado, muitas vezes traumatizados, enquanto tentam se conciliar com a perda trágica, com toda a busca de motivos, suposições e quaisquer outras providências que poderiam ter tomado para evitar a tragédia.

Wylie Tene e Sue Kolod
Psychology Today

De acordo com o artigo escrito por Wylie Tene e Sue Kolod, Ph.D. no periódico Psychology Today), podemos contribuir para reduzir as taxas de suicídio.

É possível que o governo do Reino Unido tenha finalmente se dado conta do alcance do problema sobre o qual muitos acham difícil conversar, e decidido agir antecipadamente! Torçamos para que a nomeação, para além da burocracia, contribua para evitar os suicídios e reduzir ou até mesmo eliminar o estigma sentido por muitas famílias em luto que sentem dificuldade em confessar a causa da morte por causa dos preconceitos das outras pessoas, que ainda consideram irresponsáveis ou um sinal de fraqueza os atos de pessoas que sofrem de distúrbios mentais.

Certamente, chegou a hora de nós, membros da sociedade, mudarmos a compreensão da situação e encararmos as chamadas vítimas fracas de seu próprio tormento mental como almas sensíveis que lutam para lidar com as pesadas exigências criadas em sua maior parte por nós mesmos, por elas, pela família e pela sociedade.

Todos nós devemos aceitar que um dia normal para alguns pode também ser um dia longo e difícil para aqueles que sofrem de distúrbios mentais. Navegar pela vida é difícil, especialmente na atualidade, com o extremismo posto em prática por Trump, com o Brexit, assim como outras tensões e infelicidades do mundo real. Como bem sabemos, os distúrbios de saúde mental não distinguem classe social, nacionalidade, cor da pele nem gênero. Eles podem afetar qualquer um de nós!

Osteopatia e saúde mental

Que ligação pode ter?

Você pode estar se perguntando o que esta postagem tem a ver com a osteopatia ou até mesmo com a minha vida. Eu diria que tem muito a ver com a minha vida pessoal e com a forma como percebo a osteopatia!

Quando a dor é sentida com consciência honesta, ela contribui para pôr de lado o ego e amolecer o coração, enquanto se absorvem as lições propostas pela nossa vida cheia de revelações! Infelizmente, esse aprendizado não traz de volta as pessoas mortas, mas certamente promove mudanças e crescimento, se fizermos a nossa parte sem nos vitimizar.

Foi durante um desses episódios pessoais dolorosos que a minha percepção da vida mudou completamente e a minha opinião da osteopatia também mudou. Não estou tentando provar que a osteopatia pode tratar ou curar questões relacionadas à saúde mental porque isso é simplesmente impossível! Quem sofre se beneficiará de assistência médica, psiquiátrica e psicológica adequada.

O que estou tentando dizer é que me tornei uma osteopata mais holística, humilde e honesta após viver um capítulo difícil de minha vida e tive bastante sorte de ter sido acolhida e auxiliada pela minha querida família, meus amigos e a minha família de osteopatas! Embora a minha alma ainda carregue as marcas de algumas mudanças forçadas, optei por reafirmar a visão do “copo cheio pela metade”, mas talvez não teria me saído tão bem se não tivesse sido apoiada pelas pessoas mencionadas e pela osteopatia! A propósito, não me tornei mais religiosa, mas certamente mais à vontade com a minha espiritualidade.

Os eventos da vida podem ensinar a nós, cuidadores e profissionais da saúde, a desenvolver a nossa compaixão e aceitação sem julgar os outros, aprendendo a escutar mais ou até mesmo ler nas entrelinhas.

Sentimos mais conforto ao falar com franqueza, contando aos pacientes que nós, osteopatas, não curamos estados nem doenças, mas com a compaixão e empatia necessárias a uma interação positiva, uma compreensão clara dos princípios osteopáticos, juntamente com mãos e mentes bem treinadas e informadas, podemos apoiar com muita eficácia os mecanismos corporais de enfrentamento ao tratar muitas das lutas que se manifestam como sintomas físicos.

Na minha opinião, a osteopatia também é um trabalho de intenções executadas por nossas gentis mãos. Não compactuo com o lema “quanto mais dor, mais ganhos”! Os pacientes já estão sentindo dor, então por que aumentá-la?

E o que dizer da opinião de que podemos contribuir para criar um ambiente mais confortável e integrado para a coexistência entre a psique, o emocional e o corpo físico, auxiliando outras pessoas a terem uma vida com mais conforto e presença?

Uau! Uma afirmação e tanto! Seria essa uma maneira possível de se contribuir para reduzir os sintomas relacionados aos distúrbios da saúde mental? Isso poderá ser explorado na próxima postagem deste blog, quando chegarmos lá! Aguardem…..

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